Nudez
O corpo do cidadão em
Atenas de Péricles
Na
Atenas de Péricles os povos viviam livremente exibindo seus corpos a cidade. A
nudez simbolizava um povo livre onde os homens trajavam roupas largas que
expunhavam seus corpos livremente e com estas características eram considerados
como civilizados. Os primeiros povos a participarem dos jogos nús foram os
espartanos, já os bárbaros ou estrangeiros, assim como eram vistos na época,
eles tinham o costume de cobrir as genitálias, diferentes dos gregos
civilizados que fez do próprio corpo objeto de admiração.
Os gregos tinham a ideia de que o
calor do corpo era a chave da fisiologia humana, portanto, quanto mais
exercitava o corpo com exercícios físicos e a mente com a leitura mais a
temperatura dos seus corpos se elevava, e eram considerados ainda mais
cidadãos. As mulheres eram consideradas como corpo frio, ou seja, um ser frágil.
Os gregos acreditavam que o bom aquecimento do útero nasceria um bebe forte de
corpo quente, homem. Para que isso acontecesse o homem grego eram submetidos
todos os dias a exercícios e a leitura para aquecer a mente, pois assim
nasceria uma criança de corpo quente.
Acreditava-se também que o sangue
menstrual era considerado sangue frio e o esperma sangue fervente. O esperma
era responsável por gerar a vida, ou seja, o macho era dotado do princípio do
movimento e da geração e a fêmea possuidora do princípio da matéria. Outros que
eram considerados como corpos frios eram os escravos, pessoas que realizavam
trabalhos duros e os bárbaros. O contato físico entre dois homens superaquecia
os corpos, naquela época não havia nenhum problema se dois homens manterem esse
tipo de comportamento, pois isto não era visto como homossexualidade.
As academias eram lugares onde os
gregos exercitavam o corpo e a mente. Havia também uma grande importância de
falar em público, essa era outra maneira de aquecer seus corpos e o calor das
palavras tornou os combatentes incapazes de agir racionalmente.
Corpos em movimento
A revolução de Harvey
Após as descobertas de Harvey sobre
a circulação foi quebrada a ideia sobre o calor do corpo que governava a Atenas
de Péricles por mais de dois mil anos.
Em Atenas o corpo pertencia a
cidade, já na Idade Média o corpo físico pertencia ao mundo e a mente, alma,
pertencia a Deus, ou seja, o corpo e a mente medieval não pertenciam mais a
eles.
O plano urbanístico foi inspirado na
circulação sanguínea e no século XVIII começaram a ser aplicadas nos centros
urbanos, construções e reformas que facilitaram a liberdade de trânsito das
pessoas e o consumo de oxigênio.
Uma grande dúvida deixava os debates
dos médicos cristãos cada vez mais calorosos sobre a questão da localização da
alma, se estava no cérebro ou no coração ou se o cérebro e o coração eram
“órgãos duplos” contendo essência espiritual.
No século XVIII, a saúde era vista
como responsabilidade individual. Platner, 1700, dizia que o ar é como o
sangue, devendo percorrer o corpo, e a pele é a membrana que lhe permite
respirar, segundo Platner a sujeira é inimiga número um da pele. Poucas pessoas
tinham essa visão sobre ter a pele limpa e uma boa saúde. Podemos citar nesse
caso os camponeses que acreditavam que a urina e as fezes faziam parte do corpo
e os mesmo ajudariam a proteger a pele e esses mesmo dejetos jogados no solo
ajudaria a nutrir deixando mais fértil. Limpar a pele tornou-se uma pratica
particularmente urbana e de classe média de 1750.
Por falta de informações e
conhecimentos higiênicos proliferaram várias doenças e a mais cruel de todas
foram a peste bubônica, “peste negra”.
Peste
Negra
A Peste Bubônica mais conhecida como a
peste negra, foi uma das epidemias mais catastróficas que a humanidade já viveu,
tendo por volta de 75 milhões de vítimas, ou seja, 1/3 da população da época. A
maioria da população acreditava que era um castigo divino, mesmo sendo um
castigo não parava de procurar a curar para essa doença que cada dia que
passava vitimava mais pessoas. Tudo isso acontecia por uma única causa, a falta
de higiene, a partir dessa época o corpo e a saúde foram valorizados e o corpo
já não pertencia mais a Deus e sim ao próprio homem.
Algumas pessoas estavam deixando a
crença divina de lado, pois até mesmo aqueles que eram devotos eram vítimas da
peste, foi ai que o povo voltou o foco para a medicina e para a ciência.
Nesta fase podemos dizer que o corpo
tornou-se mais moderno, a palavra chave dessa época podemos dizer que é
“saúde”, o corpo e a mente pertencia a cada um individualmente. A mobilidade e o intelecto retomados da
ciência social já não se havia mais limites para o homem moderno. Os homens
modernos criaram um novo modelo de ser humano; físico: saúde; mente: intelecto.
Um homem saudável representava uma nação saudável.
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